quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Tijuca e Beija-Flor na briga pelo título

O show das escolas do Rio prosseguiu no segundo dia de desfiles. Tijuca e Beija-Flor encantaram e devem brigar pelo campeonato. Veja relato analisado do que cada uma mostrou na Sapucaí:

Mocidade - A Bateria do mestre Jonas entrou forte e manteve o ritmo durante toda a passagem, ainda que com um samba com letra pouco atraente. A comissão de frente foi uma das mais bonitas e completas, com dança e coreografia da chegada da família real. Dom João, Carlota Joaquina e Maria Louca estavam muito bem caracterizados, com lindos e perfeitos figurinos. A liteira se transformava em carruagem, que era puxada por negros fazendo as vezes de cavalos. Lindos figurinos. Os módulos que puxavam o abre-alas traziam seres mitológicos, como o cão de três cabeças. Carros bem acabados, com atenção para detalhes, luxuosos, mais clássicos. Já as fantasias estavam simples. Houve buraco grande no recuo da bateria, que entrou direto. Todos os integrantes cantaram o samba.

Unidos da Tijuca - Passou perfeita tecnicamente, sem problemas de evolução. Na comissão de frente, mascarados levavam biombo espelhado por dentro com coleção de máscaras no lado de fora. Falando de coleções, a escola toda estava muito luxuosa, com muitas alegorias vivas, herança de Paulo Barros - o carnavalesco Luiz Carlos Bruno trabalhou com ele. O abre-alas era excepcional: um pavão dourado (símbolo da escola) com plumas que se abriam (agitadas por componentes), formando o rabo suntuoso da ave. Outros exemplos: carros com pingüins vivos que saiam de geladeiras, bonecas que se movimentavam, duendes e outro com o Museu do Louvre. A alegoria com coleções de objetos antigos trazia um enorme candelabro segurando velas humanas. Fantasias criativas e bem-humoradas, como a da ala de ursos azuis só com gordos de barriga de fora. A rainha da bateria Adriane Galisteu mostrou garra. Houve problemas no áudio do sambódromo. Adotou método tradicional, com casal de mestre-sala e porta-bandeira após bateria, diferentemente da Mocidade e das quatro últimas escolas a se apresentar no domingo. É forte candidata ao título.

Imperatriz Leopoldinense - O ótimo samba foi cantado de forma eufórica por todos componenentes e pelo público. Comissão de frente composta por várias Donas Marias. Carros luxuosos, que não chegam a ser espetaculares. Muitas coroas por todo o desfile. A escola mostrou mais o lado da nobreza. Podia retratar melhor a Estação de Ramos, berço da Imperatriz, e o universo das Marias e Joãos comuns citados no enredo. Lindo o casal de mestre-sala e porta-bandeira, com fantasia rosa, após quarta ala. A rainha Luiza Brunet estava ótima. A Imperatriz fez desfile técnico, sem erros de evolução e harmonia, contudo faltaram criatividade e imponência, marcas da carnavalesca Rosa Magalhães, que veio no último carro. As fantasias estavam relativamente simples.

Vila Isabel - Comissão de frente retratando as primeiras leis trabalhistas, com grandes penas de ouro. O abre-alas grandioso era puxado por cavalos. Destaque para o carro da imigração, com samurais e um dragão soltando fumaça, e para o penúltimo, com linha de montagem de automóveis. A última alegoria trazia os "trabalhadores de Vila Isabel", com carteiras de trabalho de "sambistas profissionais" de ícones da agremiação, como Martinho da Vila, Noel Rosa e Aladir. Samba rápido e cantado por todos. Problemas no som da Sapucaí, que tiraram o áudio do microfone, podem ter atrapalhado a harmonia, embora todos componentes continuassem a entoar o samba. A ala das baianas veio maravilhosa, em três cores: azul escuro, claro e branca. Fantasias e carros luxuosos. Boa variação de cores. Carros mais tradicionais em relação ao ano passado. A história do trabalho no Brasil foi bem retratada.

Grande Rio - Comissão de frente trazia atletas da Intrépida Trupe, com meias arrastão aparecendo a bunda - dois deles vinham dentro de uma grande bolha. Abre-alas com várias bolhas de gás comandadas por acrobatas da mesma companhia. Carros grandiosos, com animais e muito verde. O antepenúltimo, que tinha duas enormes onças, desgovernou-se no setor 11 e quase empacou. Após várias manobras seguiu o rumo certo. O incidente, já com mais de uma hora de desfile, prejudicou a evolução, e a escola teve de correr, terminando o desfile com 1h19. Harmonia boa, mas não levantou o público. Muito rica, com fantasias um tanto pesadas, muitas com véus atrás, desnecessários, pois atrapalhavam a visão do que realmente interessa. No penúltimo carro uma cobra gigante espirrava perfume forte e enjoativo. Faltou gás à Grande Rio.

Beija-Flor - Desfile impecável, sobre o estado do Amapá e a capital Macapá. Comissão de frente representando o sol e carro abre-alas muito luminoso. Alegorias bem acabadas, mas sem muita criatividade. Lindíssimas fantasias. Escola coesa, cheia, com harmonia e evolução irrepreensíveis. Efeito sincrônico de cores. Enredo poderia ter sido mais bem desenvolvido, mostrando mais claramente a linha do Equador e os dois hemisférios separados por ela. O mestre-sala Claudinho e a porta-bandeira Selminha Sorriso estavam deslumbrantes - suas fantasias tinham diferentes camadas de cores, formando um belo arco-íris. Mais uma vez a Beija-Flor é favorita.

* Christiano Bianco

Um comentário:

Anônimo disse...

A grandiosa Portela também merece o título.

Andrea