Nem sei porque ainda reclamo da infra-estrutura do Rio de Janeiro para receber o turista durante o Carnaval. Mas é que considero um desrespeito a maneira como o folião que vai ao sambódromo é tratado. É que para viver essa experiência extraordinária que o maior show da terra proporciona, antes é preciso passar por uma sessão de tortura.
Juro que não entendo como é possível uma cidade, que vive do turismo, ter uma estrutura tão precária. A chegada mais fácil à Marquês de Sapucaí, seja do lado par ou impar do sambódromo, é pelo metrô. Para os setores pares, o folião desce na praça 11 e, nos ímpares, na Central do Brasil. Ambas são igualmente ruins e me policio para usar somente o adjetivo nojentas.
Ocorre que ao descer na estação indicada, é preciso caminhar um bocado. Caminhar até o setor não seria exatamente o problema. A dúvida é como e por onde caminhar. Não há qualquer indicação para quem não conhece a área, as ruas ficam abarrotadas de barracas de todos os tamanhos, e ainda tem um mar de gente avulsa vendendo tudo quanto é coisa. Nada contra o comércio ambulante, mas é preciso limitar a quantidade de licenças que se dá a comerciantes neste período, além da necessidade em se manter uma equipe de fiscalização para evitar abusos ou quantidade excessiva de vendedores. Os vendedores ocupam, literalmente, toda a passagem.
Outra questão é a respeito das indicações para quem não conhece a região. Parece que ainda não inventaram uma coisa chamada placa e não há um só funcionário - seja da prefeitura ou da liga das escolas - para o caso de ser preciso obter uma informação precisa. O jeito é seguir os gritos de "compro ou vendo ingresso" e seguir para o funil. Porque à medida que o folião se aproxima da entrada para os setores, há um aumento significativo do número de ambulantes e de cambistas, e a passagem vai ficando cada vez mais difícil.
Se não bastasse toda essa dificuldade, o piso é todo esburacado (o que neste Carnaval chuvoso representa acúmulo de água suja) e há uma profusão de odores desagradáveis. O cheiro predominante é o de urina misturado ao de churrasco. Mas o odor é mutante, quase uma entidade. Cada área pela qual se passa, ocorrem alterações. É cheiro de suor de várias qualidades, cerveja, cocô de cavalo, massa de acarajé, cachaça, perfume barato, esgoto, além de coisas indecifráveis, mas igualmente ruins.
Assistir ao desfile das escolas de samba realmente é uma experiência única, mas para que a memória que todo turista guarde do Rio de Janeiro seja realmente agradável é preciso investir mais em infra-estrutura. Uma cidade que vende o Brasil no exterior tem de oferecer mais do que suas belezas naturais e seu belíssimo Carnaval.
* Andrea Catão
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