domingo, 18 de novembro de 2007

DNA do samba

Perguntei a inúmeras madrinhas de bateria – as verdadeiras, não aquelas que só aparecem na escola porque são as gostosas da vez! – o que as faz tão sensacionais quando acompanham a bateria de uma escola de samba. A resposta que recebi de todas elas foi aquele clichê que se ouve todo Carnaval: “está no sangue”. Como não fiquei convencida, saí em busca de informações adicionais.
Depois da resposta de que o gingado era fruto de uma certa coisa que estava no sangue, eu solicitava a essas mulheres – a maioria anônima – que me fornecessem outras pistas.
De uma delas, fiquei sabendo que o segredo estava nos pés. Era preciso deslizar para frente e para trás e também para os lados. De outra, veio a informação de que o importante era prestar atenção aos joelhos. Aquela coisa de que, enquanto o pé direito desliza para a frente, ao mesmo tempo o joelho esquerdo deve pender para a esquerda e para trás.
Uma terceira me informou que o rebolado também deveria ir para a esquerda e para a direita, enquanto os pés deslizavam para a esquerda e a direita alternadamente e os joelhos deveriam acompanhar, embora no sentido contrário e inverso, esse conjunto de coisas.
Como continuava confusa, busquei outras fontes e, com isso, novas informações foram agregadas. Descobri que, resolvendo a questão dos pés, dos joelhos e do rebolado, os braços deveriam subir e abaixar seguindo o ritmo do samba e a cabeça deveria pender para tudo quanto é lado. E tem mais: era necessário exibir um sorriso sincero, cumprimentar o público, prestar atenção no mestre de bateria, fazer reverências mil aos ritmistas e não esquecer, em hipótese alguma, de cantar o samba com alegria e devoção.
Foram tantas as tentativas que perdi a conta de quantos carnavais se passaram sem que eu sequer conseguisse abanar os braços decentemente. Com isso, me rendi à verdade absoluta contida na primeira resposta que recebi de que é preciso ter essa tal coisa no sangue. É preciso nascer com o DNA do samba.

* Andrea Catão

6 comentários:

Anônimo disse...

Isso é verdade. Nem se você se matricular num curso de dança vai conseguir sambar como aquela mulherada. Deve mesmo existir o tal do dna.

Anônimo disse...

samba no pé não é para qualquer um

Anônimo disse...

O seu ziriguidum é realmente bem esquisito.

Anônimo disse...

De acordo com pesquisadores ingleses, o segredo é a proporção entre as medidas do quadril e da cintura. Pelo menos o segredo da atração que esta proporcionalidade exerce. Mas samba, o melhor mesmo é o do crioulo doido e o das passistas, ou seja, do povo.

Anônimo disse...

Drea, parabéns pelo Blog.
Está ótimo.
Os textos estão uma delícia de ler.

Genético, ou não, tem que ter muito jogo de cintura pra pensar em tudo aquilo e agir ao mesmo tempo!

Vou adicionar aos meus favoritos.
Passe pelo meu também, quando puder.

Anônimo disse...

Parabéns pelo Blog!Adorei o DNA do Samba!
BJS